domingo, 17 de junho de 2007

Fiquei sozinha - MINHA CONCHA


Eu e minha toda nenhuma poesia estávamos cansadas dos ruídos das vozes. Estávamos precisando do barulho do silêncio. Da palavra silenciada em pensamento, em contato com a dor. Menos versos de gargalhadas e mais prosas de verdades esclarecedoras, insights insípidos, dúvidas mastigadas, anseios reais, temores visíveis, solidão concreta e velhice frutificada. Fluxo de pensamentos e sentimentos. Reclusão. Fiquei sozinha porque precisava. Porque estava morrendo de saudades de mim. De minha essência de aroma flor de laranjeira e ylang ylang. Sinto falta da lavanda que meu corpo exalava quando eu dormia em paz. Eu estava com saudades da ausência dele (ou da presença sendo pouco espaçosa)... Saudades do sabor da minha boca horas a fio calada, com a minha língua gentilmente sentindo o gosto da minha boca muda. Não precisar verbalizar posições e idéias, responder o irrespondível, indagar questões que não são minhas. O silêncio. "Agora só o silêncio mastigando a vontade de viver" (B). As coisas têm outro tempo quando se está em silêncio. O olhar muda de ritmo. O corpo pratica o esporte de descansar quando se pede. Silêncio de tudo. De movimentos, de desaceleração de idéias, do barulho do estômago que se cala em respeito à mim e não em resposta ao alimento ingerido. Sinto o sangue correr em minhas veias... devagar... os pensamento se acalmam e desfazem o ringue habitual da minha cabeça, a respiração se prolonga, assim como meu corpo que se faz maior hoje. Fios condutores puxam meus pés pra baixo, meus braços se expandem pros lados e minha cabeça aponta o céu. Hoje, eu precisava afiar minha idéias, pra eu nunca mais ter que esquecer da possibilidade de mudá-las. Estou lúcida. A fim de fincar minha soberana vontade em qualquer carne que atravessar meu caminho sem doçura. "Quem olha pra fora sonha, quem olha pra dentro acorda!" Hoje, estou dentro do meu desatinado carpe diem em direção ao meu desenvolvimento pessoal. Só por hoje. Ontem eu passei mal. Vomitei... Amanhã eu vou é passar bem. Aprendi que de mim, cuido eu!