sexta-feira, 24 de agosto de 2007

COTIDIANO

Entre mim e ele tudo era flerte. O contato por detrás da porta, via olho mágico, flerte. A minha mão enxerida que insistia em mexer na panela o molho que ele fez. Cada implicância, cada impropério... e a partir do momento que o tempo vai passando, vamos juntos, em silêncio, deduzindo a saudade que está por vir. Entre tropeços, mais fome, suor e bocejo, flerte. Nas piscadelas e mastigadas de amor, flerte. Na cama, meu pé que balança logo denuncia insônia, e ele num reflexo de grande intimidade, acaricia meus cabelos como quem diz: eu sei, amor. Eu sei...

terça-feira, 10 de julho de 2007

SOBREVIVI


Sinto um símbolo sufocando meus sentidos. Subitamente. Seus significados. Sacudida sentida, sentimento sucinto, sintoma sintético, sabedoria silenciada. ARDOR. Sinestesia. Somatização sistemática, soldados em sentinela, saudade saudável. Saída sorrateira da serotonina, substância submersa, subtraída. Signo sombrio sem ser sereno, sangrando, sangrando na severa sensatez. Simplesmente sóbria. Sono sábio... susto saboriado e sentido. Súplicas, suplícios... Ser safa e ser socorrida. Salamandras suspensas, sombras selvagens, suprimento de seleta simbiose sobre humana. Sistema nervoso central, salto surreal, surpresa sapecada e sempre simpática. Sulco de salvação. Semblante de sorriso, sapiência, sinestesias somadas. Síntese de sentimentos, sabor, suor, sons. Salgado. Simples. Sorte. Separados. Silêncio, soco, socorro, soco, sede, soco, selva, soco, selva suprida, suplemento solicitado. Seu ser, sou sua... Salva, solta o susto, o susto, o susto, susto, susto, susto, susto... (!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!)

...Diluído em água e carvão...


*O forro da gente tem estampa exclusiva*

domingo, 17 de junho de 2007

Fiquei sozinha - MINHA CONCHA


Eu e minha toda nenhuma poesia estávamos cansadas dos ruídos das vozes. Estávamos precisando do barulho do silêncio. Da palavra silenciada em pensamento, em contato com a dor. Menos versos de gargalhadas e mais prosas de verdades esclarecedoras, insights insípidos, dúvidas mastigadas, anseios reais, temores visíveis, solidão concreta e velhice frutificada. Fluxo de pensamentos e sentimentos. Reclusão. Fiquei sozinha porque precisava. Porque estava morrendo de saudades de mim. De minha essência de aroma flor de laranjeira e ylang ylang. Sinto falta da lavanda que meu corpo exalava quando eu dormia em paz. Eu estava com saudades da ausência dele (ou da presença sendo pouco espaçosa)... Saudades do sabor da minha boca horas a fio calada, com a minha língua gentilmente sentindo o gosto da minha boca muda. Não precisar verbalizar posições e idéias, responder o irrespondível, indagar questões que não são minhas. O silêncio. "Agora só o silêncio mastigando a vontade de viver" (B). As coisas têm outro tempo quando se está em silêncio. O olhar muda de ritmo. O corpo pratica o esporte de descansar quando se pede. Silêncio de tudo. De movimentos, de desaceleração de idéias, do barulho do estômago que se cala em respeito à mim e não em resposta ao alimento ingerido. Sinto o sangue correr em minhas veias... devagar... os pensamento se acalmam e desfazem o ringue habitual da minha cabeça, a respiração se prolonga, assim como meu corpo que se faz maior hoje. Fios condutores puxam meus pés pra baixo, meus braços se expandem pros lados e minha cabeça aponta o céu. Hoje, eu precisava afiar minha idéias, pra eu nunca mais ter que esquecer da possibilidade de mudá-las. Estou lúcida. A fim de fincar minha soberana vontade em qualquer carne que atravessar meu caminho sem doçura. "Quem olha pra fora sonha, quem olha pra dentro acorda!" Hoje, estou dentro do meu desatinado carpe diem em direção ao meu desenvolvimento pessoal. Só por hoje. Ontem eu passei mal. Vomitei... Amanhã eu vou é passar bem. Aprendi que de mim, cuido eu!

quarta-feira, 14 de fevereiro de 2007

Ego biográfico (papo com a vida)

Não peço para me entenderem, não peço nada. Tenho aprendido muito e feito muito exercícios mentais também. Podem não ser perceptivos ainda. Podem não ser eficazes. Podem não dar vasão. Mas estão sendo experimentados simplesmente pelo fato de eu mudar de tática, tentar o novo. Novidade me excita. Mudança idem. Tem gente que tem medo, não eu. Eu gosto! Não peço para que entendam que estou num desses momentos e o que é fator determinante nisso. E antes que acusem, lhes digo que nada tem a ver com culpa nesse instante. Ninguém tem culpa de nada. Atribuo a créditos. Chego a agradecer.
Ando à flor da pele. Sensível mesmo. Deprimida, confusa, mas não assustada. É essa calma que me perturba, me faz achar que sou fria e arrogante. Mas como me desculpar por ausência de algo? De desespero por exemplo, que é tão familiar também? As pessoas são diferentes. Porém próximas. Todas. Estou num daqueles momentos em que tudo é frio. O que me esquentava agora gela. Dentro de mim. Conheço bem esse momento, não sei onde vai dar, mas conheço por repetidas vezes. E isso implica nos outros, mas isso não" é os outros". Já foi. Meu algo, há pouco tempo atrás (ou posso até arriscar em dizer que meu ano passado todo) foi os outros. E isso não é crítica negativa, nem lamento, nem lamúria. É comunicado. Foi porque foi, tinha que ser, escolhi assim, permiti e acho que fiz muito bem. Mas agora meu amor, me amando muito ainda e cheia de disposições para mim, vivo um momento que é meu, todinho meu. Tive uma desregularem hormonal violenta, apesar de não saber exatamente o quanto as pessoas realmente sabem o que isso significa para uma mulher, em termos científicos e ZERO psicológicos. Isso é violento. Ter hemorragias (mesmo sangrando todo mês há quase 13 anos) é violento. Sim, tive. Coisas de mulher... O que está acontecendo comigo, por dentro, no meu processo teatral, também é muito intenso. A ruptura emocional e concreta que eu tive e estou tendo com as mudanças da minha vida é extremamente significativa. O "eu corpo" está mudando. Eu sou uma mulher. Meu relógio biológico grita e gira num tempo frenético. É diferente para mim. Meu impasse -que não pode ser chamado de crise, pois está tudo bem- na vida (que me julga, me acusa, fica contra e a favor de mim a toda hora), é concreto.
Não bastando tantos momentos e mudanças, minha química do corpo terá que resistir e não cair, ficarei no controle e luta intensa, passarei pelas dores com coragem. Desistir? Pouco posso fazer contra as mazelas além do auto-controle. Não me orgulho, não me envergonho, não tenho escolha simplesmente. Sou eu e minha condição. E é SIM uma luta diária e eterna. Por mais que eu disfarce. Querendo chegar ao fim do arco-íris! Devo me identificar, reconhecer, aceitar e conviver comigo. Amigavelmente. E acho que neste quesito, eu dou aula! A força que eu tenho é gigantesca, porque faz muito tempo que decidi ser o que reinventei que sou. E acreditei: alguém que sempre será amada, porque sozinha não tem graça. E virei essa. E muitas outras, muito além da superfície e do arco-íris...
Sei exatamente o que não quero. (?) O que quero morro de dúvidas, mas por exclusão vou me decidindo. E minha paz está incluída. Mesmo quando desisto. Mesmo quando não caibo em mim e explodo. Mesmo quando sei, reparo e me policio, por ainda não ser orgânico, que estou fazendo um esforço tremendo e indo contra tudo que sempre posso ter sido nesses 24 anos e foda-se, pois posso ser o que quiser se isso foi facilitar minha vida. Sem perder a ternura! E é por mim. Pelas minhas características, pelas minhas diferenças. Que vivam as diferenças! E semelhanças. E variedades. Por minha sensibilidade e susto. Pela grandeza e por esse amor, que é MEU. Por um homem, pelo mundo, pelas coisas, mas é meu! Minha capacidade de sentir e amar. E é por isso que sigo nesse momento em minha vida, sem pesar. Leve. Neste ano de 2006 que concretamente me é classificado por meus 24 anos. Por essa loba precoce que SIM, se respeita demais, porque se eu não o fizer, quem fará? Por ME reconhecer, antes de aos outros e dar o valor necessário. Somos muitos. Sinto que muito de mim posso ainda não entender e fingir conhecer. Tudo bem também. Tenho tempo.
Às vezes, na vida, evito certos momentos e entro em outra. Outra dimensão quase... O pensamento vai pra looooonge. Não altero meu tom de voz. Não jogo. Não sou irônica, não perco a calma, nem agrido, nem brigo (e também faço tudo isso em excesso, risos...). Mas tudo isso é muito novo pra mim, quase que não sou eu. Ando querendo mais é resolver. Ter a qualidade quase de quem assiste de fora um problema. Erro pra caramba! Exagero. Preciso de respeito pela minha situação de reabilitação emocional, estrutural. Meu melhor amigo hoje é o meu amor, minha velha capacidade de amar as pessoas e momentos. De me flexibilizar, me dar e gostar disso. Apesar de algum medo por aplicar essas mudanças (será medo mesmo?), é extremamente necessário na minha vida, para que eu possa continuar tendo jogo de cintura e ainda melhorar tendo muito mais, para que eu possa me modificar pros outros, engolindo meus ataques de excesso de auto-respeito e começando a olhar pro lado. Colocar o coração do outro antes da minha impaciência e respeitar! Então vida, se eu ando aprendendo com você, a me modificar, a perdoar e mil outras coisas, aprenda comigo a respeitar meu tempo quando eu demoro. Aprenda que muito provavelmente terá um amanhã em que eu terei corrido atrás e tomado pra mim a conciência necessária, que eu mesma, maluca me cobro e respondo como se fosse cobrada por você! Às vezes eu não te alcanço, não sei o que quer de mim, nem o que quer dizer com certos acontecimentos. Sei que preciso poupar um mínimo de energia e acreditar piamente que o que vem pela frente exigirá gás, vigor e cuidado para que eu possa me regenerar com o tempo. Às vezes construímos uma maluquice de amor. Eu era bem pior e mais impaciente, acredite se quiser, vida. Quando ando pra trás é irritante. Sim, sou irritada, eu e Fernanda Young.
Eu já mudei muuuuuiiito e continuo mudando com ou sem você. E me enxergo fazendo coisas de uma maneira zen que eu não fazia. Você me modifica, eu sou permeável e isso é relação. O resto é resto. "O resto é mar, é tudo que eu não sei contar..."

Pensamentos... (carta a mim mesma)

Querida Miss Blush,

é minha filha... começar não é nada fácil, sempre te digo que o mais difícil é o primeiro passo. O primeiro dia de uma dieta, de malhação, sem cigarro, o primeiro dia sendo uma nova pessoa, ou resolver uma pendência antiga, tomar uma atitude que já deveria ter sido tomada há décadas. (Concluir o último capítulo de uma novelinha xexelenta sem nenhuma audiência, né Claire?)
Resolver! Resolver simplesmente o que pode ser resolvido! O que se deve resolver o quanto antes. O possível, o que está ao alcance. E para isso, tomar o primeiro passo e mudar de atitude! Eu sei, gata, que você está careca de saber de tudo isso, mas sinceramente: faz alguma diferença saber? Ou você só sofre mais, por se cobrar e sofrer e blá...? Me desculpe a sinceridade, mas você deveria reclamar menos. Não que eu esteja cansada de te ouvir, isso nunca! Você sabe que estou sempre aqui pronta pra te ouvir e que assumo mesmo quando estou de saco cheio de você, mas não é o caso... Você até anda tão atordoada por se cobrar, que ao invés de fazer algo pra mudar, reclama menos e se cobra em silêncio, na mesmíssima situação anterior. Faz difrerença? Nenhuma! De uma maneira ou de outra as coisas não se concretizam e você só sofre. Chega de angústias e tendências ao abismo, ação garota!!!! Falta de grana e não correr atrás para alterar o quadro, angústias subcutâneas disfarçadas, engordar e enflacidar, ver os anos passarem na parte interna da coxa e não aproveitar o IPTU caro, você mora perto da Lagoa, mulher!!!
Bom, não estou aqui para lhe dar lição de moral (apesar de reconhecer que sou boa nisso), estou aqui para lhe desejar boa sorte (inclusive nesta nova empreitada) e lhe dizer que esta é uma excelente hora (apesar de já estarmos no meio de fevereiro) de fazer COISAS! Estas coisas e tantas outras, meu bem... Você é uma privilegiada e não preciso enumerar motivos. Não se esqueça de que início de ano é perfeito para tentar resolver estas angústias que andamos conversando e ir ao sol, amiga! Ah, e parabéns por ter parado de fumar, ninguém no mundo fica mais feliz com isso do que eu!!! Também fiquei muito feliz em saber que a cabra-cega cada vez mais anda enxergando as coisas. Então... por quê simplesmente você não resolve as coisas (eu me repetindo)? Uma por uma, cada uma de uma vez, no seu tempo?
Eu tenho uma amiga muito corajosa que costuma voar. (A.L.H) Não sei por que lembrei dela agora. Acho que talvez pela admiração que sinto. Sua capacidade de ser leve, ver o lado bom das coisas e princialmente sair do chão. Tenho muito que aprender com ela... mas você não tem medo de dizer as coisas e isso eu aprendi com você! Obrigada. Cabeça erguida. Exale sua energia, ATITUDE, mulher! Coragem. Vá se mexer. Sabemos que você consegue (isso tá virando auto-ajuda [e isso auto-critica])! A sorte está ao seu lado, as coisas estão se ajeitando e não tenha medo (aliás, tenha sim), mas uma vez que as coisas são conquistadas, outros desafios virão, então acumule vigor e tesão em viver! Que não lhe falte papel e caneta. TE AMO MUITO. Sua melhor amiga de nascença, V.M.

quarta-feira, 10 de janeiro de 2007

DR com o papel...

Completamente sem chão, sem rumo... minha vida está sem sentido. Estou à toa, largada, desempregada, sem vontade de viver, dispensei meus amigos e acordo pra quê? Meu primeiro impulso do dia é de ligar, meu segundo é não ligar. Sou uma mulher com filtro, não faço a primeira coisa que me vem à cabeça, penso duas vezes antes de agir, sou tudo, menos impulsiva. O vazio que mora aqui dentro é angustiante, quase desesperador. Não tenho um calendário que me avise datas, como por exemplo, o dia em que vou esquecer ou um que me adiante lembranças de um dia esquecer... Não sei quando, não sei se... e isso faz doer mais ainda. Se ao menos eu soubesse algo, como um oráculo me dizendo: "MINHA FILHA, VOCÊ VAI ESQUECER ESSE HOMEM DIA 27/09/2009", por mais que demore, saberia que passaria... e quando passaria.... Mas estou perdida! Não sei de nada, podem me dizer que vai passar, mas enquanto não passa, o tempo me é infinito. Enquanto não passa, dói demais... a vida é assim, a gente perde...
Eu, acordo pra nada! Não me cuido, mergulho no ócio, nos livros e na tv! Só faço chorar, engordar e gotejar rivotril na minha existência.... dormir, dormir, dormir... pra esquecer... tenho sonhos bons, nada angustiantes... leves... não sonho com você, tenho paz dormindo.... tenho saudade acordando.... queria fazer amor com você mais uma vez... seria impossível desgrudar depois... minha carne está carente de ti, de ninguém mais... ninguém saciaria essa minha vontade de morrer em braços...nem a culpa de ter cedido.
Me pego em pensamentos, nós dois sozinhos... num futuro não muito distante, na nossa casa, sem ninguém no meio, quiçá um filhote de nós dois. Agora choro novamente. Mulher que sou. Romântica que sou. Feminina que sou, brilho nos olhos e melancolia na alma que sou... que faz de mim eu. Eu que queria exalar alegria de viver e força pra te colocar não na barra da minha saia como insistes, mas sim na minha necessèire, a tal da bolsinha tipicamente feminina para se guardar o que é necessário! Como posso querer ao mesmo tempo um amor verossímil, porém cheio de explosões? Como seguir sem você, amor? Como seguir com? Como você não cuidou de mim, logo de mim que te ama como uma louca... Me rasgo inteira pra ser sua, passo por cima dos meus orgulhos, taco fogo na moral da família, assumo papel de vilã na sua, protejo seu nome por amor na minha, esfrego meu futuro na dúvida por ti, sufoco toda vergonha vivida, explodo em vigor por ser sua, choro copiosamente por não ser.... logo eu? Essa que vos fala e não se sabe quem é, essa que se duvida a cada instante, que oscila entre o ser e o não ser a cada momento! O drama de Isabel Sangirardi é como o de Hamlet, o drama de ser quem é. Ser quem sou! Quem sou? Qual o meu limite entre ser e não ser? Vivo a mesma tragédia da inteligência (Shakespeariana), como Hamlet, eu enlouqueço conscientemente. Fechando a nossa porta. Te amo.