quarta-feira, 14 de fevereiro de 2007

Ego biográfico (papo com a vida)

Não peço para me entenderem, não peço nada. Tenho aprendido muito e feito muito exercícios mentais também. Podem não ser perceptivos ainda. Podem não ser eficazes. Podem não dar vasão. Mas estão sendo experimentados simplesmente pelo fato de eu mudar de tática, tentar o novo. Novidade me excita. Mudança idem. Tem gente que tem medo, não eu. Eu gosto! Não peço para que entendam que estou num desses momentos e o que é fator determinante nisso. E antes que acusem, lhes digo que nada tem a ver com culpa nesse instante. Ninguém tem culpa de nada. Atribuo a créditos. Chego a agradecer.
Ando à flor da pele. Sensível mesmo. Deprimida, confusa, mas não assustada. É essa calma que me perturba, me faz achar que sou fria e arrogante. Mas como me desculpar por ausência de algo? De desespero por exemplo, que é tão familiar também? As pessoas são diferentes. Porém próximas. Todas. Estou num daqueles momentos em que tudo é frio. O que me esquentava agora gela. Dentro de mim. Conheço bem esse momento, não sei onde vai dar, mas conheço por repetidas vezes. E isso implica nos outros, mas isso não" é os outros". Já foi. Meu algo, há pouco tempo atrás (ou posso até arriscar em dizer que meu ano passado todo) foi os outros. E isso não é crítica negativa, nem lamento, nem lamúria. É comunicado. Foi porque foi, tinha que ser, escolhi assim, permiti e acho que fiz muito bem. Mas agora meu amor, me amando muito ainda e cheia de disposições para mim, vivo um momento que é meu, todinho meu. Tive uma desregularem hormonal violenta, apesar de não saber exatamente o quanto as pessoas realmente sabem o que isso significa para uma mulher, em termos científicos e ZERO psicológicos. Isso é violento. Ter hemorragias (mesmo sangrando todo mês há quase 13 anos) é violento. Sim, tive. Coisas de mulher... O que está acontecendo comigo, por dentro, no meu processo teatral, também é muito intenso. A ruptura emocional e concreta que eu tive e estou tendo com as mudanças da minha vida é extremamente significativa. O "eu corpo" está mudando. Eu sou uma mulher. Meu relógio biológico grita e gira num tempo frenético. É diferente para mim. Meu impasse -que não pode ser chamado de crise, pois está tudo bem- na vida (que me julga, me acusa, fica contra e a favor de mim a toda hora), é concreto.
Não bastando tantos momentos e mudanças, minha química do corpo terá que resistir e não cair, ficarei no controle e luta intensa, passarei pelas dores com coragem. Desistir? Pouco posso fazer contra as mazelas além do auto-controle. Não me orgulho, não me envergonho, não tenho escolha simplesmente. Sou eu e minha condição. E é SIM uma luta diária e eterna. Por mais que eu disfarce. Querendo chegar ao fim do arco-íris! Devo me identificar, reconhecer, aceitar e conviver comigo. Amigavelmente. E acho que neste quesito, eu dou aula! A força que eu tenho é gigantesca, porque faz muito tempo que decidi ser o que reinventei que sou. E acreditei: alguém que sempre será amada, porque sozinha não tem graça. E virei essa. E muitas outras, muito além da superfície e do arco-íris...
Sei exatamente o que não quero. (?) O que quero morro de dúvidas, mas por exclusão vou me decidindo. E minha paz está incluída. Mesmo quando desisto. Mesmo quando não caibo em mim e explodo. Mesmo quando sei, reparo e me policio, por ainda não ser orgânico, que estou fazendo um esforço tremendo e indo contra tudo que sempre posso ter sido nesses 24 anos e foda-se, pois posso ser o que quiser se isso foi facilitar minha vida. Sem perder a ternura! E é por mim. Pelas minhas características, pelas minhas diferenças. Que vivam as diferenças! E semelhanças. E variedades. Por minha sensibilidade e susto. Pela grandeza e por esse amor, que é MEU. Por um homem, pelo mundo, pelas coisas, mas é meu! Minha capacidade de sentir e amar. E é por isso que sigo nesse momento em minha vida, sem pesar. Leve. Neste ano de 2006 que concretamente me é classificado por meus 24 anos. Por essa loba precoce que SIM, se respeita demais, porque se eu não o fizer, quem fará? Por ME reconhecer, antes de aos outros e dar o valor necessário. Somos muitos. Sinto que muito de mim posso ainda não entender e fingir conhecer. Tudo bem também. Tenho tempo.
Às vezes, na vida, evito certos momentos e entro em outra. Outra dimensão quase... O pensamento vai pra looooonge. Não altero meu tom de voz. Não jogo. Não sou irônica, não perco a calma, nem agrido, nem brigo (e também faço tudo isso em excesso, risos...). Mas tudo isso é muito novo pra mim, quase que não sou eu. Ando querendo mais é resolver. Ter a qualidade quase de quem assiste de fora um problema. Erro pra caramba! Exagero. Preciso de respeito pela minha situação de reabilitação emocional, estrutural. Meu melhor amigo hoje é o meu amor, minha velha capacidade de amar as pessoas e momentos. De me flexibilizar, me dar e gostar disso. Apesar de algum medo por aplicar essas mudanças (será medo mesmo?), é extremamente necessário na minha vida, para que eu possa continuar tendo jogo de cintura e ainda melhorar tendo muito mais, para que eu possa me modificar pros outros, engolindo meus ataques de excesso de auto-respeito e começando a olhar pro lado. Colocar o coração do outro antes da minha impaciência e respeitar! Então vida, se eu ando aprendendo com você, a me modificar, a perdoar e mil outras coisas, aprenda comigo a respeitar meu tempo quando eu demoro. Aprenda que muito provavelmente terá um amanhã em que eu terei corrido atrás e tomado pra mim a conciência necessária, que eu mesma, maluca me cobro e respondo como se fosse cobrada por você! Às vezes eu não te alcanço, não sei o que quer de mim, nem o que quer dizer com certos acontecimentos. Sei que preciso poupar um mínimo de energia e acreditar piamente que o que vem pela frente exigirá gás, vigor e cuidado para que eu possa me regenerar com o tempo. Às vezes construímos uma maluquice de amor. Eu era bem pior e mais impaciente, acredite se quiser, vida. Quando ando pra trás é irritante. Sim, sou irritada, eu e Fernanda Young.
Eu já mudei muuuuuiiito e continuo mudando com ou sem você. E me enxergo fazendo coisas de uma maneira zen que eu não fazia. Você me modifica, eu sou permeável e isso é relação. O resto é resto. "O resto é mar, é tudo que eu não sei contar..."

Um comentário:

kiko disse...

FODA...Fácil de entender, dificil de comentar...É você, escrevendo com a coragem de uma Sangirardi sozinha e aflita com o a vida!