quarta-feira, 19 de agosto de 2009
Só por hoje (?)
Mania de ser de todos. Complexo tribalista tardio. Sigo a manhã estranha, não me conforto em mim. No meio da tarde me estalo inteira, ombros, dedos, joelhos, sonoridade de crecks, costas, sonoplastia de ossos trincando, tornozelos (finos), creck... Percebo que era isso! Para o meu dia prosseguir legal, dependia das estaladas. E o fiz. E mudou tudo, humor, vento, testas franzidas dos transeuntes, o sabor da minha boca, os pensamentos dos cachorros... Mania de ser de todos!E a semana prossegue sem mais, com uma rehab geral, emocional, social, ternural. E me desorganizo de propósito, pra chocar! Não funciona. Eu rio de mim. Perco a mão. Não consigo reorganizar. Daí choco. E me decepciono com minha falta de controle das coisas. Gargalho de mim. Começo a chorar. Sinto uma fome de bebê recém nascido. Por pura preguiça volto para o útero. E te espero. Mas alma gêmea não existe. Sobra mais espaço. Mania de ser de todos. Me espreguiço, perco o tempo, fecho os olhos e só vejo as minhoquinhas, sinto algo no peito e percebo que estou sem respirar. E páro. Recupero. Achava que estava de pé, mas estou deitada. Na rua. No chão. Olho e não reconheço tanto grama, tanto sol, tanta terra vazia. Fecho os olhos, esfrego as mãos nos braços e pronto! Voltei! Decido não pensar em nada e consigo. Só piro na idéia da pele ser o maior órgão do corpo humano. Como assim? Tão exposto. Tá cuidado? Tão entregue... Mania de ser de todos! E jurar pela Deusa que seria (serei?) só sua. Ficaria quieta se tivesse você. Mas não tenho. E não peço nada ao universo. Nada realmente palpável. Mania de dalit, mania de novela. Os Intocáveis. Mania de filme. Mania de ser de todos. Com a alquimia ideal da poção da loucura (de luxúria). Óleos essenciais, gotinhas específicas são espalhadas no meu corpo, num caminho doce, que poderia ser seguido por uma correntinha de formigas, micras, espertas, enfileiradas e com olfato do Pica-Pau. Líquido dentro, líquido fora, juro que estou pronta e ando mais perdida do que sempre. Mania de não ser de ninguém...
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